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Os 70 anos da

Casa do Jornalista

 

 

O edifício sede da ARI foi construído com o esforço da entidade e muitos apoios

 

ANTÔNIO GOULART

Diretor Cultural da ARI   

 

    No dia 15 de setembro de 1944, a Associação Riograndense de Imprensa, nove anos após sua fundação, passou a ocupar, ainda em caráter precário, a atual sede própria, de oito pavimentos, na Avenida Borges de Medeiros, 915, junto ao Viaduto Otávio Rocha. No período anterior, a ARI, depois de uma curta passagem pela Casa Rural, em cujo auditório realizou-se em 1935 a assembleia de criação da entidade, utilizou uma pequena sala alugada no Edifício Imperial, na Praça da Alfândega.

 

    O sonho da sede própria, porém, começara bem antes. A primeira iniciativa concreta ocorreu em 7 de janeiro de 1937, quando a ARI promoveu, tendo a frente o presidente Dario Rodrigues, uma grande apresentação de radioteatro, com a colaboração das três emissoras da Capital: Rádio Farroupilha, Difusora Porto-Alegrense de Rádio Sociedade Gaúcha. O espetáculo, segundo os registros da época, foi o primeiro do gênero na cidade. E só foi possível graças aos esforços de uma comissão formada pelos jornalistas Adail Borges Fortes da Silva e Artur Carneiro e pelos diretores das três emissoras: Arnaldo Ballvé, Nelson Lanza e Nilo Ruschel. Toda a arrecadação da venda de ingressos foi para o fundo destinado à construção da Casa do Jornalista.

 

    Com a mesma finalidade, foram realizadas outras promoções, destacando-se um “grandioso baile”, com a participação da sociedade “As Belezas do Carnaval Carioca”, que trouxe a Porto Alegre vários artistas de sucesso do centro do país e o conjunto Jazz Royal. Houve também uma grande festa no Parque Farroupilha, com o apoio do prefeito Alberto Bins. A ARI contou também, em junho de 1938, com a colaboração dos quatro clubes esportivos da Capital – Grêmio, Internacional, Força e Luz e Cruzeiro – que promoveram um torneio especial.

 

    A história da entidade registra que a maior de todas as promoções para angariar fundos aconteceu em 20 de dezembro de 1938. Foi uma “grande noitada artística” que lotou o Theatro São Pedro, com a apresentação de conhecidas peças clássicas. Segundo os jornais da época, dois artistas surpreenderam particularmente o público: o jovem maestro Salvador Campanella e a bailarina gaúcha Maria de Lourdes Collares, integrante do corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

 

    O passo seguinte foi o apoio decisivo do poder público. Em outubro de 1939, o prefeito Loureiro da Silva assinou o ato de doação de um terreno no valor de 200 contos de réis, junto às escadarias do Viaduto Otávio Rocha. No mesmo ano, o presidente Getúlio Vargas autorizou a abertura de um crédito especial no valor de 2.000 contos. A escritura do terreno foi entregue em 10 de setembro de 1941, o Dia da Imprensa, na época.

 

    Como ainda faltava dinheiro para a construção do prédio, formou-se uma comissão, integrada por Archymedes Fortini, Cícero Soares e Alcides Oliveira Gomes, para buscar mais recursos. Foi quando passaram a circular entre as principais casas comerciais e bancos da cidade os conhecidos “Livros de Ouro”, muitos deles conservados ainda hoje nos arquivos da ARI.

 

    A pedra fundamental da Casa do Jornalista foi lançada no dia 13 de dezembro de 1942, com a presença do governador Cordeiro de Farias que colocou a primeira pá de argamassa. O jornalista Arlindo Pasqualini, presidente da ARI, delegou a Edgar Luis Schneider, um dos fundadores da entidade e reitor da Universidade do Rio Grande do Sul, a tarefa do discurso oficial. A cerimônia foi transmitida pela Rádio Farroupilha. As obras do prédio ficaram a cargo da empresa Spolidoro & Cia., selecionada entre várias propostas. No início da década de 1990, a sede da ARI,  recebeu a designação definitiva de A Casa do Jornalista - Edifício Alberto André, em homenagem ao presidente que encerrava uma gestão de 32 anos na direção da entidade.

 

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