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Debate esportivo promovido pela ARI reúne professores e alunos na Famecos

Convidados receberam o livro dos 80 anos da ARI.

Na terça-feira, 31 de outubro, os jornalistas Maurício Saraiva, da Rádio Gaúcha, Jairo Kuba, da Rádio Galera e Marcelo Salzano, da Rádio Bandeirantes debateram o papel do repórter e do comentarista esportivo, no auditório da Famecos (PUCRS). O evento realizado em parceira com a Associação Riograndense de Imprensa, teve a mediação do presidente da ARI e professor da Famecos, Luiz Adolfo Lino de Souza.

O comentário esportivo foi o primeiro assunto debatido. Saraiva, falou sobre a função de ser formador de opinião. ‘’É preciso fazer uma leitura dos jogos. Trabalhar com futebol é ver jogos o tempo todo, inclusive em casa, não se trabalha só na cabine’’, explica.

 

Salzano comentou sobre a informação na reportagem esportiva. Segundo ele, é preciso fazer uma busca incessante atrás de notícias. ‘’O repórter tem o dever de buscar notícias novas para surpreender o concorrente e o público’’, diz. 

Os jornalistas foram questionados sobre episódio em que a repórter da Rádio Galera, Júlia Goulart sofreu ofensas por parte de alguns torcedores da Internacional, enquanto trabalhava na beira do gramado. Para Jairo, o incentivo da profissão é fundamental. ‘’Parte muito das empresas de comunicação, elas precisam dar mais destaque e visibilidade para as mulheres’’. Saraiva aponta que é preciso insistência delas para que vençam a estupidez desse tipo de atitude. ‘’Público feminino civiliza o estádio’’, completa.

 

Uma pergunta dos alunos tratou dos ex-jogadores que se tornam comentaristas. Segundo Salzano, desde que estes tenham uma formação não há nenhum problema.

Mais uma dúvida dos futuros jornalistas é como acontece a preparação dos profissionais antes dos jogos. Para Kuba, a informação é essencial. ''É bom ouvir outras rádios, ouvir o que os colegas das outras emissoras estão noticiando’’, conta. Salzano explica que tem um ritual antes dos jogos. ‘’Uma boa noite de sono, descansar bem para estar preparado na hora e sentir o ambiente da partida’’, relata. ‘’Me preparo sendo feliz. Mais um dia que o meu sonho de cinco anos de idade é realizado’’, ressalta Saraiva.

No final do evento, o presidente da ARI agradeceu a presença dos jornalistas e dos alunos. Luiz Adolfo convidou todos para o segundo debate do dia, com Daniel Oliveira, Carlos Guimarães e Carlos Lacerda, às 19h30min.

Alunos interagiram com os jornalistas no final do debate.

No segundo debate, às 19:30, os convidados Carlos Guimarães, coordenador de jornalismo da Rádio Guaíba, Carlos Lacerda, repórter da Rádio Gre-Nal e Daniel Oliveira, narrador da Rádio Bandeirantes foram questionados sobre narração, comentário e a reportagem nos gramados.

 

Guimarães falou sobre a imersão dos ouvintes nas redes sociais buscando as opiniões dos jornalistas, algo que em certas situações extrapola a busca pela informação jornalística. ‘’Há os que nos buscam para criticar. Querem que a gente saia de cima do muro, que revele os nossos clubes do coração’’. Guimarães afirma que esse tipo de atitude não fará a menor diferença para o trabalho do jornalista, não trará nada de positivo. 

Oliveira concorda. ‘’Dizer para quem eu torço não vai tornar a minha narração mais emocionante’’, conta.  

O assunto entretenimento no jornalismo também foi comentado. Lacerda foi questionado sobre a questão, já que utiliza o perfil de brincalhão no programa Contra Ataque, da Rádio Gre-Nal. Ele relata que o fato de entreter o público pode combinar sim com o cotidiano do jornalismo. ‘’Acho que não tem problema em ser extrovertido, o problema é dar a informação errada’’, explica.

Falando de narração esportiva no Rio Grande do Sul, Oliveira vê vários problemas quando se fala em conteúdo. ‘’Vejo que está diferente, na verdade velha. Estamos presos a uma linguagem antiga. Dependemos de uma geração de novos narradores para mudar isso’’, afirma.

Os jornalistas falaram sobre as mudanças que as redações estão promovendo, a questão do jornalista multimídia, o faz tudo. Para eles, esse tipo de atitude nada mais é que uma estratégia de corte de gastos, que acaba sobrecarregando os profissionais e comprometendo a qualidade do conteúdo. ‘’Não se pode colocar alguém do rádio para fotografar’’, afirma Guimarães. Oliveira ressaltou que o jornalismo precisa ter um foco maior, uma direção. ‘’Deveríamos dar mais atenção maior à investigação’’, relata. Essa mudança nos formatos de disseminação de informação foi criticada por Guimarães. Para ele, essas transformações não podem causar efeito contrário. ‘’Como se tudo o que aprendemos antigamente estivesse enterrado’’, ressalta.

 

No final do debate, o presidente da ARI agradeceu os presentes e relembrou a importância de mais encontros, proporcionando a transmissão de experiências dos profissionais para os futuros jornalistas.

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