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Jornalistas debatem obra de Veríssimo

 

Em clima descontraído a Associação Riograndense de Imprensa realizou o painel ARI entrevista Veríssimo. Com a mediação de Rosane de Oliveira, os debatedores Antonio Goulart, Maria da Gloria Bordini e Tibério Vargas Ramos falaram sobre a vida e obra do escritor, na última quinta-feira, 16 de novembro no Centro Cultural CEEE Erico Veríssimo.

A realização do evento foi uma parceria da Associação Riograndense de Imprensa - ARI com a Câmara do Livro e integrou a programação da 63º Feira do Livro.

Daniela Sallet interpretou um texto escrito pelo jornalista Nilson Souza, em homenagem à Verísismo.

"Olhem bem para esse homem. 
Ele não vai gostar, é um tímido assumido.
Mas vai sorrir o seu sorriso de vovô bonachão e suportar
heroicamente os minutos em que será o centro das nossas
atenções. Assim ele faz quando autografa seus livros, assim ele faz quando
toca sax, assim ele faz quando é convidado a palestrar na
Academia Brasileira de Letras ou para as crianças de uma escola pública. Parece um sujeito pacífico, civilizado, cordato, aquele vizinho que todos gostaríamos de convidar para o mate de final de tarde. Ledo e veríssimo engano. Esse homem não é o que parece.
Por trás desses óculos de professor tranquilo e por baixo desta
calva sábia esconde-se um perigoso agitador.
Esse homem imagina coisas extravagantes, elabora mundos
irreais, cria personagens devassos e lança chispas de insolência criativa pela ponta dos dedos.
Basta um acordo de delação premiada com suas criaturas para se saber que esse homem É de Morte: iludiu a Velhinha de Taubaté, incitou o Analista de Bagé a praticar o golpe do joelhaço, associou-se ao Boca nas suas divertidas falcatruas, lançou a Família Brasil num ninho de Cobras e fez fococa da Dorinha com as Socialaites Socialistas.

Sua bibliografia denuncia uma trajetória de devassidão.
Esse homem se faz de Santinho, mas é um Gigolô de Palavras,
tem Sexo na Cabeça, adora Zoeira e Orgias, já esteve Em Algum Lugar do Paraíso com a Grande Mulher Nua e com as Noivas do Grajaú. Ele inventa As Mentiras que os Homens (e as Mulheres) contam.
E já fez muito pior: Na Décima Segunda Noite, colocou o
Opositor nas Peças Íntimas. Suas amizades são suspeitas.
Esse homem já foi o Rei do Rock, andou com a Mulher do Silva, cortejou a Mãe de Freud e frequentou as Noites de Bogart com o Marido do Doutor Pompeu.
Tem relações políticas duvidosas.
Esse homem ensaiou Comédias da Vida Pública (e também da
Privada), dedicou-se ao Humor nos Tempos do Collor, participou de Diálogos Impossíveis e compareceu ao Banquete com os Deuses. Seu traço é um risco.
Esse homem não apenas desenhou Cobras, lesmas e corrupiões como também traçou New York, Paris, Porto Alegre, Roma, Japão e Madri.
Olhem bem para esse homem.
Ele não é o que parece. É muito mais.
É um escritor fabuloso, um cronista raro, um humorista
sensacional, um intelectual qualificado e um ser humano muito
especial. Em décadas de atuação em jornais, esse homem copidescou textos alheios, escreveu crônicas irreverentes, entrevistou, foi entrevistado e até inventou horóscopos.
Merece a vingança do Zodíaco: os librianos de 26 de setembro
estão condenados a serem amáveis, encantadores e talentosos. E sujeitos ao reconhecimento do público, aos abraços dos amigos e aos aplausos de todos."

Por Nilson Souza

L.F. Verissimo foi homenageado por um texto de Nilson Souza, interpretado por Daniela Sallet

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