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Carlos Fehlberg: paixão

pelo jornalismo

 

Por João Borges de Souza
 

O jornalista Carlos Fehlberg, que começou no jornalismo praticamente quando ingressou na Faculdade de Medicina da então Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1953, dedica seu tempo hoje a um antigo projeto pessoal: escrever um livro sobre política e jornalismo, dois temas que foram sua paixão desde a juventude. Fehlberg, repórter que sempre foi, mesmo quando colunista de jornal ou no exercício funções de chefia, como a Secretaria de Imprensa no governo Médici (1969) ou os cargos de diretor nos jornais Zero Hora (1974, inicialmente como secretário) e Diário Catarinense (1991). está hoje fazendo o que sempre gostou de fazer: ir em busca da informação qualificada e, se possível, inédita, para seu livro ainda sem título ou data para edição.

 

 

Ele fala com entusiasmo da obra em criação, mas quando perguntado se o lançamento poderá ocorrer em 2014, admite que é uma previsão difícil de ser feita, pois trata-se de um projeto ambicioso. Não pelo que precise saber ou dizer sobre o jornalismo, mas em termos de história política do país, pois está diante de duas alternativas: situar seu livro em 1922 ou ter como início a República, a partir de 1889.

 

 

Quando saiu do Diário Catarinense, Carlos Fehlberg foi um dos criadores, em 2002, juntamente com o ex-reitor da UFRGS Francisco Ferraz, do site Política para políticos. E nele dedicou-se a escrever sobre história política brasileira a partir de 1922, construindo mais de duzentos textos sobre o tema.

 

 

E o médico, da turma de 1958? Ficou no passado. Ou melhor: nem esteve presente em termos profissionais. Muito antes da formatura, Fehlberg já optara por continuar no jornalismo. Desde 1953 dividia seu tempo entre a faculdade e o Jornal Dia, da Igreja Católica, onde era repórter. A definitiva e apaixonada opção pelo jornalismo talvez tenha ocorrido por um fato político da maior relevância no país, que, apesar de ocorrido há mais de meio século, ainda tem presença forte na política de hoje: foi em 1954, um ano, portanto, depois do ingresso de Fehlberg na Faculdade de Medicina.

 

 

Naquele 24 de agosto, Fehlberg tinha seu período normal de aula, mas quando a mãe, que ouvira o noticiário no rádio, disse a ele "olha, morreu o Getúlio", a responsabilidade maior ficou com o jornalismo, até pela repercussão dos fatos. Naquele momento o jovem jornalista não tinha muita certeza de qual carreira profissional seguiria, mas hoje admite que a troca da sala de aula pela redação do Jornal do Dia, naquela manhã, foi o momento forte para a opção. Até 1958, quando se formou médico, Fehlberg já era subsecretário do jornal e nos anos que se seguiram trabalhou nas rádios Difusora (hoje Bandeirantes) e Gaúcha; nos jornais Ultima Hora, sucursal do Jornal do Brasil, Zero Hora e Diário Catarinense.

 

 

Em verdade, a paixão de Fehlberg pela política, que sempre teve como veículo básico de comunicação com a sociedade a imprensa, explica também sua segunda paixão: o jornalismo. E ele recorda e cita alguns nomes com forte presença na atividade política do Rio Grande do Sul, nos anos 1950, todos eles professores da Faculdade de Medicina: José Fernando Carneiro, Décio Martins Costa, que chegou a ser candidato a governador do Estado; Rubens Maciel, presidente do Partido Socialista Brasileiro; Raul Pila, de forte liderança no Partido Libertador e Carlos de Brito Velho, que representou o Rio Grande do Sul no Senado. Eram todos professores com destacada presença política na Faculdade em que lecionavam.

 

 

Diploma de médico na mão em 1958, Carlos Machado Fehlberg não teve nenhuma dificuldade em escolher um caminho. Ele já era um jornalista exercendo sua profissão há cerca de cinco anos. Disciplinado e dedicado em tudo o que fazia, os jornalistas que conhecem as "historinhas de redação" lembram que Fehlberg, embora não exercendo a profissão, tinha a incrível capacidade de se manter atualizado com a literatura médica, para "não dever uma explicação" para os casos mais comuns quando um colega resolvia consultá-lo. Entre uma brincadeira e outra, escrevia o nome do remédio numa lauda (estamos mais de 50 anos antes do computador), para um caso de gripe ou sinusite... No dia seguinte o colega voltava agradecido.

 

Se o caso fosse mais sério aconselhava um profissional que estivesse atuando na medicina. Mas estas não são histórias para seu livro.

 

 

Ele conduz suas pesquisas com os olhos voltados para um longo período da atividade político-partidária do Brasil, começando pela República Velha em 1889.

 
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